Gruta do Riacho Subterrâneo
Cavidade de granito localizada no município de Itu - SP, dentro da área do Camping Casarão. Cadastrada no CNC (Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil) da SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia) com o código SP 700.
Índice
Espeleometria
Seu desenvolvimento atual é de 1.249 metros de Projeção Horizontal e 1.415 metros de Desenvolvimento Linear, topografia grau 4C (Sistema BCRA), método descontinuidade. Topografia não concluída, em andamento.
Segundo o CNC, a Gruta do Riacho Subterrâneo é a maior cavidade em granito do Brasil. E segundo o ranking mundial de cavernas graniticas organizado pelo Clube Espeleológico Mauxo, a Gruta do Riacho Subterrâneo se posiciona como maior cavidade de granito da América do Sul e Hemisfério Sul e sexta maior do mundo.
Espeleobiologia
Estudos de espeleobiologia realizados pelo Laboratório de Estudos Subterrâneos UFSCar, denominado "Caracterização preliminar da fauna cavernícola da Gruta do Riacho Subterrâneo, Itu-SP" indicam a existência ao todo de 98 espécies, todos invertebrados (terrestres e aquáticos). Cabe ressaltar que não foi feito levantamento de espécies de morcegos, e, o número de espécies deve ser maior. Esta riqueza pode ser considerada elevada comparando-se com outros levantamentos realizados em outras cavernas no Brasil.
Geologia
A Gruta do Riacho Subterrâneo está inserida no contexto da Suíte Granítica Pos-tectônica de Itu, surgida entre os períodos Cambriano e Ordoviciano entre 570 e 435 milhões de anos, na Era Eopaleozóica. Trata-se de um corpo granítico e granodiorítico alóctone, isótropo, de granulação fina a grossa, com textura sub-hipidiomórfica e granular (IPT,1981). Essa feição deriva de uma grande intrusão vulcânica situada entre o rio Capivari Mirim, Indaiatuba e Itupeva chegando até as margens do rio Tietê entre Itu e Cabreúva.
Geomorfologia
Os granitos supracitados apresentam superficialmente feições tipo matacões, ou seja, blocos arredondados de dimensões variadas superiores a 25,6 cm, resultantes do desgaste ou esfoliação esferoidal, mais comum nesse tipo de litologia. A esfoliação esferoidal ou “acebolamento” decorre do intemperismo concentrado nas zonas de fraqueza dos maciços rochosos, isto é, em fraturas e outras estruturas, transforma os grandes blocos em feições menores que, aos poucos, têm seus vértices eliminados a ponto de se tornarem arredondados. Os vazios subterrâneos vão se formar em decorrência da erosão vertical do material mais fino liberado dos blocos maiores. Por esse motivo os blocos parecem amontoamentos acumulados por transporte ou escorregamento, o que em alguns casos pode ocorrer, mas são de fato residuais e fruto da erosão do maciço rochoso que ali existia. Em termos geomorfológicos, a área que compreende a Gruta do Riacho Subterrâneo pode ser inserida no domínio morfoestrutural geral do Cinturão Orogênico do Atlântico, regionalmente, no Planalto Atlântico Paulista e, localmente, no Planalto de Jundiaí, bem próximo à transição para a Depressão Periférica Paulista, onde sedimentos do Grupo Itararé sobrepuseram os granitos. Em Salto, município vizinho a Itu, existe um dos raros exemplares de Rocha Moutonnée. Embora só parcialmente preservada, a estrutura guarda a morfologia e as feições características de abrasão glacial (estriamentos ou sulcos) por deslizamento sudeste-noroeste de uma geleira, também associada a aos depósitos da Bacia do Paraná da porção meridional do Brasil (Rocha-Campos, 2000).
Pedologia
Os solos que a região como um todo podem ser classificados como argilissolos vermelho-amarelos distróficos de textura média cascalhada-argilosa a cascalhada, de fase pedregosa a rochosa dispostos sobre relevo ondulado e afloramentos de rocha.
Fitogeografia
O entorno da Gruta Riacho Subterrâneo compreende um cenário geo-ecológico dos mais relevantes e diversos do mundo. Seu entorno é caracterizado por ecossistemas do cerrado, de cactéceas (cactos), mata de encosta e de fundo de vale que estão sob forte pressão antrópica desde o princípio da ocupação econômica dos domínios planálticos paulista. Se de um lado os cerrados podem ser observados nos topos das colinas, as cactáceas, especificamente os mandacarus, preenchem os espaços entre os matacões graníticos, lajedos e fissuras da rocha. A presença dos cactos associados às rochas e ao solo indica que são exemplares de vegetação relicta, quer dizer, fragmento que sobreviveu a mudanças de grande impacto no clima e, neste caso, herança de uma passado semi-árido em uma época de expansão da caatinga e recuo das florestas, precedendo também os cerrados, segundo a teoria dos redutos e refúgios observada por Aziz Ab’Saber (1992).
Referências
[1] Grupo Pierre Martin de Espeleologia. Página visitada em 04 set. 2013.
Link externo: [2] Camping Casarão. Página visitada em 04 set. 2013.