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Espeleologia

Muito embora a experiência humana com as cavernas não seja nova, foi na França que tal relação manifestou-se de maneira mais profunda a partir do surgimento da Espeleologia. O termo original spélӕologie, foi criado por M. Emile Rivière, em 1890, a partir dos vocábulos gregos spelaion (caverna) e logos (palavra). Em 1892, o termo foi simplificado para spéologie por L. de Nussac, sendo, a partir deste instante, utilizado para referenciar os estudos sobre as cavernas. O primeiro a exercer a Espeleologia da forma como a conhecemos foi Édouard-Alfred Martel (1859 – 1938).

Advogado de formação, Martel, precocemente sentiu-se atraído pela natureza, estimulado pelas viagens em família ao longo de sua infância e juventude. Assim que adquiriu a sua emancipação, passou a dedicar o seu tempo livre quase que inteiramente às viagens em busca de paisagens pitorescas. Esse interesse o levou ao Club Alpin Français e, posteriormente, após também ter reconhecidas as suas contribuições pela Société de Géographie, ingressou e coordenou diversas expedições no Touring-Club de France. Em 1888, Martel empreende sua primeira campanha subterrânea com o objetivo de cruzar o Abime Bramabiau e a Grotte de Dargilan.

A travessia dos 1.300 metros do cânion subterrâneo do Abime de Bramabiau em 28 de junho de 1888, localizado no Planalto de Camprieu, cidade de Saint-Sauveur-Camprieu, departamento de Gard, região de Languedoc-Roussillon, sul da França, é vista como o marco que define, historicamente, o nascimento da espeleologia. O feito foi considerado, à época, uma operação arriscada devido às dificuldades que seus antecessores tiveram, em tentativas frustradas de explorar tal caverna. Após a travessia, Martel e sua equipe foram recebidos pelas autoridades locais em uma pequena cerimônia e, desde então, essa tem sido considerada a data do nascimento da Espeleologia e também o marco na popularização da Espeleologia francesa e, posteriormente, mundial.

Entre as maiores contribuições de Martel está o estabelecimento da diferença entre as nascentes provenientes de diferentes tipos de lençois freáticos e sistemas espeleológicos ou cársticos, demonstrando as intercomunicações entre as entradas de água, ou sumidouros, as formas de dutos, fendas, salões, galerias, todos atravessados pelo fluxo d’água e, finalmente as saídas, ou ressurgências. Essa explanação feita por Martel dos percursos subterrâneos das águas que entram e saem dos maciços calcários após vários quilômetros, foi considerada vital na adoção da perspectiva de que os sistemas subterrâneos são inerentemente vulneráveis à contaminação. Isto porque, se de um lado os sumidouros d’água eram costumeiramente utilizados como pontos de despejo de resíduos, de outro, as águas das ressurgências, por serem consideradas naturalmente “puras” eram captadas sem maiores cuidados para o consumo, expondo a população a epidemias constantes.

Pode-se seguramente afirmar que as atividades de Martel, sistematicamente publicadas em periódicos da época, levaram à adoção, na França, da Lei de Saúde Pública de 15 de Fevereiro de 1902. Dessa forma, a ênfase ambientalista do pensamento de Martel foi concretamente reconhecida como de utilidade pública como cita BOUILLON “Lê-se no Journal Officiel de 19 de novembro de 1898: Os trabalhos levados a cabo, desde 1888 por Martel esclarecem a cerca do real valor das nascentes, que eram consideradas boas e ao redor das quais, todavia, se originaram casos de febre tifoide”. (1972, p. 115)

Martel pode ser considerado o pioneiro da Espeleologia moderna, pois, é fundador do primeiro impresso de divulgação da atividade, o Spelunca. Além disso, fundou o embrião da Sociedade Espeleológica Francesa (Société de Spéléologie); estabeleceu relações de colaboração com diversos cientistas como os pioneiros da espeleobiologia, Jeannel e Racovitza; foi um dos precursores na utilização da fluoresceina como traçador de aquíferos cársticos e, entre outros trabalhos, foi o coordenador de uma das primeiras experiências de mergulho em caverna em Fontaine de Vaucluse, a fonte do rio Sorgue, no sopé das Montanhas Vaucluse, na Provença. Como membro da Société de Géographie, foi convidado a colaborar com Onésime Reclus, irmão de Élisée Reclus, na sua obra La Grande Géographie. Esse currículo, embora não tivesse transformado Martel em um acadêmico de fato, o tornaram um dos homens mais influentes da história das pesquisas espeleológicas, não só na França e na Europa, mas no mundo inteiro.

Várias ciências estão associadas à temática da espeleologia e estudos do carste e relevo cárstico: arqueologia, carstologia, espeleobiologia (bioespeleologia ou biologia subterrânea), espeleogeologia (geoespeleologia), geografia, paleoclimatologia e paleontologia.

Assim como atividades técnicas e esportivas associadas à descoberta, exploração e documentação das cavernas: prospecção, exploração horizontal, exploração vertical, escalada, espeleomergulho (mergulho em caverna), fotografia subterrânea e topografia (mapeamento subterrâneo).

Os estudos e levantamentos espeleológicos (técnicos e científicos) promovem o conhecimento do Patrimônio Espeleológico, agregam dados no Cadastro de Cavernas, que por sua vez auxiliam as politicas públicas de conservação, assim como os Planos de Manejo Espeleológico.

A evolução técnica das explorações e consequentes descobertas estão diretamente ligadas à evolução dos equipamentos de espeleologia.

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Referências

  • BOUILLON, M. Descoberta do Mundo Subterrâneo. Coleção Vida e Cultura. Edição “Livros do Brasil”. Lisboa, 1972.
  • DEMATTEIS, G. Manual de Espeleologia. Editora Labor. 165 p. Barcelona, 1975.
  • GÈZE, B. La Espeleología Científica. Ediciones Martínez Roca. 191 p. Barcelona, 1968.
  • GUNN, J. Encyclopedia of Caves and Karst Science. Fitzroy Dearborn, 902 p. New York e London, 2004.
  • MARTEL, É-A. La Spéléologie ou Science des Cavernes. Scientia, 126 p. 1900.
  • SCHUT, P-O. E. A. Martel, the Traveller who Almost Become an Academian. Acta Carsologica, 35/1, p. 149–157, Liubliana, 2006.